quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

TUDO OU NADA


     Já era tarde, como de costume seguiam a velha rotina. Foi então que em meio a papos banais aquele velho assunto apareceu. Não adiantava, sempre chegava uma hora que o sorriso derretia na face, como um boneco de cera. Se estivesse tudo bem parecia que faltava alguma coisa. O sono não seria o mesmo sem a discussão eterna de algo sem solução.

     Ela era cabeça, ele coração. Talvez ele fosse coração e cabeça, e por isso estava dando tudo errado. Pra ele era tudo ou nada. Pra ela o tudo não era o mesmo que o dele. Ela odiava ser a cabeça, na verdade ela não sabia como ser. Apesar do dejà vu, tudo era novidade ali, ou pelo menos parecia.

     Estranho como as pessoas tendem a afastar o que lhes faz bem por puro medo. Mais estranho ainda é ter consciência disso. Ao mesmo tempo que ela gostava de colorir, ela sentia vontade de rasgar o papel em pedacinhos. Ela era inconstante, e ele sabia disso. Na verdade era isso que ele amava nela, sua indecisão por tras de tanta determinação.

     Ele falava de sentimentos, e ela falava de momentos. Ela queria se deixar levar, enquanto ele queria uma trilha, uma direção. Os dois não concordavam em nada, mas se davam bem em tudo. Até as brigas eram estimulantes. Talvez o colorido esteja nos olhos de quem vê. O mundo era preto e branco para os dois, e inconscientemente, um coloria o mundo do outro.

     Por mais uma noite eles dormiram em silêncio, sabendo que se encontrariam nos sonhos. E nesse paralelo da realidade era quando estavam mais próximos, era aonde deixavam de ser um cara e uma garota e se tornavam borboleta e raio. E enquanto a borboleta bailava no céu, o raio era o holofote que iluminava um espetáculo particular.

7 comentários:

Anônimo disse...

REPETE COMIGO! THIAGO EH FODA!

Stéphanie Badaui disse...

HAHAHAHAHAHAHA obrigada thiago idiota.

Anônimo disse...

Não sei, mais esse delirio oops epifania de Raio e Borboleta me lembra um antigo casal neh Fanny? Afinal o Blog poderia se chamar Epifania da Fanny ou da Fannya, rs. Hoorriviel
Mais falando serio ficou de mto bom gosto, parabéns

Sem Nome

Nefasto Curvatório disse...

Guria, além de escritora, é uma grande poeta. é fogo esse negócio de indecisão por trás de tanta determinação. às vezes estamos certos de uma coisa e vamos até o fim, mas quantos não sabem o quanto relutamos por dentro e só vamos adiante porque para nós, é o único caminho a seguir. Gostei da descrição dos sentimentos das personagens, do contraste, e parece que, mesmo sem conhecer sua vida pessoal ou o que tenha acontecido, como percebi em alguns comentários aqui...rs... ambos se completam.

Pâмєℓℓα Vαsconceℓos disse...

Lindo seus textos *-*

Seguindo..

dá uma passadinha no meu:
http://pamvasconcelos.blogspot.com/

Anônimo disse...

blog sem e-mail tem tudo de dejà vu

Luiza disse...

é gemula, conheço bem de perto essa história! Parece com uma que de repente surgiu na minha vida.. E que eu deixei escapar entre os dedos, como se fosse agua...
Lindos os textos sobre a mina vida! ahahaha